sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Onde estão os jovens desta geração?



                                                                                                                                                                  Onde está o grito da mudança e o som do fazer-se diferente? Já não há jovens nesta geração!
São todos covardes, tolos e medrosos. Onde está a tenacidade de Martin Luther King, Nélson Mandela e Amílcar Cabral?
Perdoa-me Cabral! Perdoa-me Luther King! Perdoa-me Mandela! Mas os jovens desistiram das vossas lutas. Já não querem liberdade e amam o cativeiro deste sistema hipócrita. Curvam-se diante de gravatas vermelhas de um Tramp(a) qualquer e mataram o último Obama.
Já não querem lutar, Cabral. Não. Não querem dar continuidade à tua nobre luta. Desistiram de ter voz. São, agora, porcos, acomodados e inúteis. Presos em telas que os levam ao nada. Tentei chama-los, Luther King, e mostrá-los que ainda temos um sonho pelo qual lutar. Sim, eu disse, Mandela, eu disse que somos irmãos e que não há segregação. Lembrei-lhes, Cabral, lembrei-lhes, que prometemos ser flores da tua árvore da revolução. Mas, não me ouvem. Estão ocupados a ensinar às crianças o “txoma minis” e não me dão ouvidos. Estão a destruir o nosso jardim, Amílcar, e nas nossas flores morreu a revolução.
Os jovens já não querem ser Da Vince. Já não pintam quadros com a sua imaginação. Já não querem ser Pitágoras, porque vivem sem leis ou formulas. Já não querem ser Messias do seu próprio destino.
Já não têm paixões, nem sonhos, nem alvos, nem ambições. São ocos, vazios, sem odor ou sabor. São ásperos, brutos, imundos, sem conduta, sem cultura, sem costumes. Odiadores do conhecimento. Amantes da luxúria, da desordem e de ideias vãs. Já não há poesia em sua atmosfera. Tudo chega. Tudo passa. Tudo é nada.
Tocam-se melodias mas, não se lhes toca o coração. Estão cegos. Parvos. E mudos. Os mestres desistiram de seus pupilos. Fizeram dos livros objecto de humilhação em praça pública. E a única mestria que procuram é o da ignorância profunda e frívola.  
Queria eu ter a mestria das palavras de Shakespeare para trazê-los à razão! :( 
Largaram suas armas e abandonaram os campos de batalha. Transformaram os templos de conhecimento e sabedoria em mercado de banalidades e ensinos infundados. Conspiram contra o mundo e a sua essência. Desistiram do paraíso perdido, pelo qual tanto lutamos.

Tenho vergonha destes covardes. Destes fracassados. Destes filhos de vento, netos da inutilidade. Não quero ser parte desta corja. Quero a minha luta. Sei que ela continua. Lutarei sozinha se for preciso mas, não me juntarei a estes porcos à procura de pérolas em bucho de peixe. Vou guiar meus passos em caminhos iluminados com sonhos e despir-me-ei desta preguiça doentia, a que me deteve este sistema falhado. 



Por, Raven Carvalho

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

As Regras De Ouro Para Um Bom Estudante De Jornalismo


       Enquanto organizava meus testes, livros e cadernos destes últimos 3 anos de curso, vi-me vaga, pensando na senda que percorri até cá estar.
Poderia ter feito mais, é claro. Sempre mais. No entanto, orgulho-me dos resultados que até agora obtive. Cresci e caí muitas vezes mas, ainda estou aqui, aprendendo a ser uma estudante de jornalismo cada vez melhor.
Lembro-me dos desafios dos meus mestres e das minhas respostas efusivas, sempre em um SIM, pronto e disposto.
Entre meus documentos, encontrei estas 7 regras de ouro, que aprendi algures e que até agora tenho como mandamento, tão sagrado e irrevogável.

Orgulho-me de ter levado a sério estes mandamentos, pelo menos na maioria das vezes ou a partir do momento em que percebi que elas são realmente importantes. Agora, quero compartilha-los contigo, que tal como eu, anseias ser um grande jornalista.

   1-  Não tenhas medo de questionar

     






      Pergunte sempre, por mais tola e insignificante que a tua pergunta possa parecer. Um sábio um dia disse: “Jovens sem perguntas, serão adultos sem respostas”. Portanto, se te apetecer perguntar por que é que o céu é azul? Pergunte! Se quiseres saber como se formam as ondas do mar ou como se caça um tubarão? Pergunte!

    2-Leia um livro por semana










      "A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede”, já dizia Carlos Drummond de Andrade. Então seja um dos que desfrutam deste prazer e sacie a tua sede nesta FONTE. Afinal como disse Mário Quintana, “os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.

    3- Esteja por dentro das novas tecnologias e DOMINE-AS

      










     O facebook, o instagram, o twitter, o blogger, o wordpress e as demais redes sociais devem ser teus DOMINADOS e não teus dominadores. Crie páginas e blogs e partilha as coisas escreves. Escreva. Escreva muito. Não importa sobre o quê. Mesmo que seja sobre a vizinha tagarela ou o carro velho do teu ex. professor.

     4-Acompanhe sempre jornais, rádios e emissoras de televisão



        













       Afinal, se quiseres estar entre os melhores tens de saber como eles fazem as coisas. Assista a debates e entrevistas com grandes jornalistas - nacionais e internacionais- e tire apontamento dos seus pontos fortes. Analise jornais para aprender novas técnicas de escrita. Oiça a rádio para familiarizar-se com a boa pronúncia de algumas palavras.

   5- Tenha contactos dentro e fora do mundo do jornalismo           
  


















Para isso é preciso participar de palestras, workshops, congressos, lançamentos de livros e eventos de jornalismo em geral. Ali poderás obter inúmeros contactos, além de aprender mais sobre o jornalismo.
      
6- Seja amigo dos professores


      







      Esta regra pode parecer inútil mas, não é. Ser amigo dos professores pode significar portas abertas. Eles sabem muito. E tudo que eles sabem não pode ser ensinado apenas em algumas horas de aula. Por isso aproveite os ambientes informais para falar com eles e aprender de suas experiências. Eles, também, podem ajuda-lo a encontrar oportunidades de estagio mais facilmente caso mostres esse interesse. 


    7-  A última e mais a importante regra é, SEJA LOUCO, OUSADO E ATREVIDO


      














      Isto pode parecer insano. E é. Os loucos, ousados e atrevidos sabem fazer a diferença e é deste tipo de jornalista que mundo precisa. Então não tenhas medo de tentar, fazer asneiras ou errar. O SEGREDO mora no fazer diferente. E isso os LOUCOS sabem como ninguém.

c  Coloque estas regras em prática e faça melhor!! ;) 










terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O assassino de si mesmo
Hoje, como nos outros dias, ele gritou. Mas sempre gritava. Gritava num silêncio tão alto que nenhum de nós ouvia. Mesmo no quarto ao lado.
Ele estava sempre presente. Mas não notávamos. Chorava em seu sorriso que disfarçava angústias e lágrimas. Gemia, tremia quando estava perto e ao mesmo tempo longe. Porque, nós, não o notávamos. Estava lá por todos. Consolava. Amava. Cuidava. Mas não estávamos lá para ele.
Hoje, pela última vez gritou. Mas sempre gritava.
Socorria nossas angústias e lágrimas em busca de socorro. Perito na arte de estar perto sem ser notado, estava sempre acompanhado da solidão. Mas não notávamos. Persistia em entrar pelas portas fechadas. E nós trancávamo-las.
Era esbelto, bonito, puro, magnífico e sofrido. Poético na sua forma de ser, fechado e distinto. Mas nunca notamos. Até ao momento em que resolveu não mais bater às portas trancadas. E gritou pela última vez. E desta vez o eco foi intenso. E mesmo em silêncio mortal o grito foi ouvido.
No tiro de adeus marcado no peito, ele se foi. E não mais gritará. Mas o silêncio que deixou grita, faz eco, faz som. E hoje notamos.
E na carta que deixou…estas palavra: “Parei o tempo para que me notassem. Não o vosso, mas o meu. Para que hoje leiam os poemas que escrevi. Os sonhos que semeei, em meu solo infrutífero, nunca regado. As fantasias que nunca vos contei, porque nunca foram notadas. E hoje, enfim serei notado. E amanhã esquecido. Como sou tolo. E assassino de mim mesmo. Mas esta é a única forma de agradar minha alma e ser notado, pela primeira e ultima vez.”

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

 Suicídio é uma das maiores causas de morte em Cabo Verde

Autoridades, investigadores e técnicos da área das Ciências Sociais estão a ficar preocupados. O índice de suicídios no nosso país tem aumentado a um nível preocupante. Todos os anos há mais casos. Cada vez são mais jovens. No ano passado em Mindelo foram seis as pessoas que resolveram pôr termo à própria vida. O último caso registado antes do início desta reportagem aconteceu em São Vicente.
Aconteceu em plena altura do Natal. Chamava-se Tiago Mota. Tinha 17 anos de idade e estudava na ilha do Sal. Foi passar as férias com os familiares no Mindelo e decidiu colocar um ponto final na sua vida.
Morreu por enforcamento. Quem o encontrou foi o próprio pai quando este chegou do trabalho na zona de Ribeira de Craquinha, na ilha do Monte Cara. As causas continuam desconhecidas.
Apesar de não se saberem dados concretos que possam ter levado a este desfecho uma fonte citada pela Inforpress avançou a hipótese de o jovem poder estar a passar por uma depressão. Ficou-se igualmente a saber que alguns dias atrás um irmão da vítima tê-lo-ia encontrado em prantos, alegadamente por sentir falta da mãe que se encontra fora de Cabo Verde.



Para um país que conta com pouco mais de meio milhão de habitantes os números são preocupantes. De acordo com a diretora do Programa Nacional de Saúde Mental (PNSM) em Cabo Verde, o suicídio está entre as 10 principais causas de morteno país, sublinhando ser preciso "maior prevenção". Margarida Cardoso (MC), citada pela Inforpress lembrou que o número de suicídios em Cabo Verde tem aumentado de ano para ano. Os números anuais rondam os 50. Os dados avançados por MC enquadram-se nas comemorações do Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, que, no último trimestre do ano passado, tiveram por lema "Estigma: Uma Barreira Importante na Prevenção do Suicídio". Segundo Cardoso, em termos de prevenção, o ministério tem em prática ações protetoras de saúde para todo o tipo de patologias, mantendo os fatores de proteção organizados e estimulando comportamentos familiares e sociais saudáveis.
Embora o suicídio seja um assunto de que poucos querem falar, os profissionais da saúde alertam para a prevenção, considerando que o suicídio pode ser evitado através da prevenção.

Dados da OMS
As projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para quase três mil suicídios por dia em todo o mundo, ou seja, um a cada 40 segundos. Segundo a OMS, “a depressão é uma doença que está cada vez mais evidente”. Além disso, é também estimado que mais de 1 milhão de pessoas acabem com suas próprias vidas por ano. O outro denominador comum “tem a ver com as estruturas sociais e familiares. As pessoas estão cada vez mais isoladas, sem um suporte familiar adequado. Muitas vezes com os próprios problemas, o transtorno emocional vai aumentando e pode culminar numa tentativa de suicídio ou na concretização do suicídio”. O fenómeno está, na maioria das vezes, associado às doenças mentais, principalmente a depressão, e ao abuso do álcool. Além destes motivos, outros, como dificuldades económicas, estão agorareconhecidos, como motivos inteiramente legítimos, independente da doença mental, para o suicídio.
Com base em tendências globais atuais, o número daqueles que cometem suicídio é esperado a exceder um milhão e meio de pessoas pelos próximos 2 anos.

O caso de Cabo Verde
Os indicadores demonstram que cerca de 90 por cento das pessoas em todo o mundo que cometeram suicídio passaram, em algum momento, por uma perturbação mental. Por essa razão, em Cabo Verde, o ministério tem incidido no aconselhamento psicoterapêutico e nos tratamentos com psico-ativos e medicamentosos.
Avaliando a atenção que ultimamente tem sido dedicada à questão do suicídio, a verdade é que se transformou num dos problemas que mais tem afetado a sociedade cabo-verdiana. Nos últimos anos o índice tem aumentado. Atualmente, o número de casos de doenças mentais e dependentes de álcool - em particular entre a camada jovem -, que muitas vezes resulta em suicídio tornou-se preocupante, levando as autoridades a dar mais atenção ao problema.
O presidente da Associação de Promoção da Saúde Mental (A Ponte), o psiquiatra Daniel Silves Ferreira, revelou que a taxa de suicídio em Cabo Verde ronda os 16 por cada 100 mil habitantes, e que, em alguns casos, o país fica um pouco acima da média mundial. Em todas as ilhas do país têm-se registado vários casos. Em São Vicente no decurso do ano de 2016 registaram-se seis casos de suicídio.
O primeiro aconteceu em Março último, na zona de Monte Sossego, quando o jovem  Sandro Lima de 37 anos atou uma corda ao pescoço pondo termo à própria vida. O mês de Abril foi o mês que registou o maior número de suicídios em São Vicente. Um total de quatro casos. Na zona da Ribeirinha, uma senhora foi encontrada com uma corda ao pescoço. O segundo caso ocorreu na zona de Fonte Filipe, onde o jovem Fredilson Delgado deu um tiro na cabeça em casa da namorada. Na zona de Chã de Alecrim mais um jovem de 30 anos Eder Rocha, pôs termo à sua vida sem motivo aparente. Nem os psiquiatras estão excluídos do problema. Um outro caso a registar foi o do psiquiatra Irineu Gomes que pôs termo à vida através do enforcamento.

Suicídio: um problema de saúde pública
O suicídio em Cabo Verde já é considerado um problema de saúde pública de grande preocupação que atinge cada vez mais a camada jovem, associado a novos fatores como a situação socioeconómica.
O psiquiatra Daniel Ferreira acredita que o suicídio é algo que pode ser prevenido, desde que a sociedade e os familiares da vítima colaborarem na sua prevenção. “É preciso apostar e acreditar na prevenção e, sobretudo, valorizar aqueles que preferem procurar apoio e lutar pela vida, garantindo-lhes todo o suporte emocional e afetivo para que possam encontrar forças para escolher pela vida e não o suicídio”, avança.

Fatores que podem levar ao suicídio
“Os fatores de risco como a droga, o álcool, a exclusão social, o estigma e o preconceito estão integrados na sociedade, dificultando a recuperação, integração ou reintegração”, frisou Daniel Ferreira. Daniel Ferreira, psiquiatra e presidente da Associação de Promoção da Saúde Mental “A Ponte”, realça o estigma e o tabu como uma das principais barreiras na prevenção do suicídio. O fenómeno está, na maioria das vezes, associado às doenças mentais, principalmente a depressão, e ao abuso do álcool.
A depressão por sua vez é originada por vários outros fatores, tais como problemas familiares, desentendimento no namoro ou no casamento, situação económica e até a falta de oportunidades e perspetivas de vida. A prevenção deve indicar na família que, muitas vezes, não está preparada para detetar os sinais apresentados pelo doente.
O que leva os jovens a cometer suicídio?
Segundo Daniel Ferreira, uma pessoa que pretende suicidar-se sempre dá sinais em casa. “Geralmente queixa-se de dores pelo corpo, de mal-estar, diz coisas que não fazem sentido e, nem sempre, os médicos nos centros de saúde estão preparados para detetar os sintomas do paciente”, aponta. Sublinhou que o suicídio é um fator que existe no país e é um “problema sério” que merece o envolvimento de todos para uma melhor inclusão das pessoas propensas a cometer este ato de desespero.

Para os especialistas, suicídio é mais do que fatalidade.Pesquisas académicas demonstram que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental como foi atrás referido. Eles variam da depressão - a principal causa para suicídios neste grupo - e passam por ansiedade, violência ou vício em drogas. Alguns pontos que são motivos de crises para jovens e que podem ajudar a explicar o suicídio dessa parcela da população.