terça-feira, 21 de março de 2017

A prostituta da rua 27



   Moro há vinte anos na rua 27. Para ser mais clara, desde que nasci. A nossa rua sempre foi a mais calma da cidade. E o nosso canteiro de flores, uma atração turísticas. Poucas almas percorrem a calçada à luz do dia, a não ser os passarinhos que fazem seu típico concerto mesclado ao barulho dos motores.
A minha janela sempre foi o meu portal para a vista magnífica da cidade. De lá de cima, contemplo o panorama e dou vida aos personagens que pela rua passam. À senhora Rita, que passeia seu cachorro Bob às onze, ao senhor Manuel que lava seu carro todas as quintas, rigorosamente, às cinco da manhã e outras poucas criaturas cujas rotinas conheço de traz pra frente. 
Mas a minha principal atração é a prostituta da rua 27. Como tinha dito, nossa rua é múmia à luz do dia, no entanto, o mesmo não acontece à noite. Mal o sol se deita, a rua acorda e enche-se de movimento. Um movimento silencioso e misterioso.
Ela chega sempre às sete e meia, nem um minuto antes nem um minuto depois. É linda. Airosa. Pele num moreno estonteante, mistura de terra e sol. Cabelos crespos e negros, negros e luzidos. Silhueta impecável, típica da tradição africana. Redondas coxas adornam seu corpo e seios firmes, aprumados em sentinela fartam seu peito, parecendo até afirmados por mãos angélicas. Seu rosto juvenil e belo abriga mistérios, genuinidade e tristeza. Traz, sempre, em suas mãos delicadas rosas amarelas colhidas, suponho, no canteiro da rua.
Chega sempre o mesmo carro. Incorrigível na arte da pontualidade. Azul-escuro e finíssimo, resistente ao tempo, íman de inveja alheia. Ela entra, meu olhar já não a alcança. Agora, a imaginação trabalha.
Para onde irá a prostituta da rua 27?
Quem sabe a um castelo magnífico onde mora o príncipe do carro azul? Ou quem sabe a um quarto escuro e doloroso onde se entrega a um amante sem amor? Quem sabe recebe beijos doces e românticos? Quem sabe lêem contos, poemas e romances, ao pé da lareira, antes de se amarem apaixonadamente? Quem sabe é amarrada e possuída violentamente? Quem sabe recebe flores em declarações de amor? Quem sabe recebe açoites em masoquismo e terror? Quem sabe ouve versos doces e palavras de amor? Quem sabe ouve silêncios frívolos e insulto de libido?

Quem sabe mais nada! Pobre infeliz, doce amada prostituta da rua 27! Quem conhecerá a história que minha imaginação não alcança?! Quem conhecerá tuas passagens, teus sorrisos, teus choros? 

quinta-feira, 2 de março de 2017

  Como ser “o melhor” em tudo em apenas 5 passos



       Como seres humanos, – seres emocionais que pensam- queremos destaque naquilo que fazemos. Na verdade, não há nada de errado em querer ser “O MELHOR” fazendo as coisas bem-feitas, merecendo destaque por mérito próprio e não às custas de outros ou usando métodos pouco ortodoxos.
Ser o melhor nem sempre é fácil, afinal, temos à nossa volta mentes brilhantes, pessoas espertas, inteligentes e criativas. Só para esclarecer, aqui, não vos falo de ser “O MELHOR” em detrimento de outros mas, SIM, o melhor em relação a nós mesmos. Vamos ver isso no passo a passo!
  
Para ser o melhor é preciso:

 1-Conhecer-te a ti próprio












Antes de fazer qualquer coisa, seja no trabalho, na escola ou na vida, pense nos teus potências e fraquezas. Ponha na balança os teus pontos fortes e os teus pontos fracos. Agora, é só usar a tua força a teu favor e fortificar as tuas fraquezas. Procure sempre ser autêntico e original, sem cópias ou grandes extravagâncias;
    

   2-Ser um competidor nato, contra a tua PRÓPRIA NATUREZA












Deves ser sempre o maior adversário de ti mesmo. Procure os teus limites e tente ultrapassa-los. Vá sempre mais longe do alguma vez foste. Se não tens a determinação de ser o melhor, isso nunca acontecerá. Não vá ao extremo. Reconheça os teus limites para não caíres em frustração;
   

    3- Encontrar um bom mestre













   Até Alexandre o Grande precisou de bom instrutor. Seja lá onde queres chegar, peça ajuda a quem já lá esteve. Haverá sempre alguém melhor do que tu, em alguma coisa. Portanto, seja humilde e peça ajuda.  

    4-Estar decidido










    
   Quer ser o melhor? Ótimo! Agora, não basta apenas pensar e cruzar os braços. Estar decidido, requer ação. Portanto, aja de acordo com os teus objectivos. Se quiseres ser “o melhor” aluno, estude mais do que alguma vez estudaste… se quiseres ser “o melhor” trabalhador, trabalhe com mais eficiência do que alguma vez trabalhaste…se quiseres ser “o melhor” amante, domine como nunca a arte de amar e ame como nunca antes amaste.
    
    5-Falhar







   
    SIM É ISSO MESMO. Erre. Falhe. Cometa idiotices terríveis. Mas faça alguma coisa! Vão criticar? Sim, vão! Vão chamar-te louco? Sim, vão! Aprenda que a única forma de evitar críticas é deixar de existir. Portanto não tenhas medo de tentar e falhar quantas vezes for necessário. Errar é correto, errado é não fazer diferente. Mas, calma! Não cometas atrocidades. Erre para aprender, não para fazer do erro rotina. 

     Nota: 
Não te esqueças, o teu maior adversário é o te ego. Esteja sempre além dele.
Reconheça os teus limites para não seres enlaçado pela frustração. Dê o melhor de ti e não te compares com os outros. Entenda: “És o melhor quando decides ser melhor do que aquilo que foste ontem”.




sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Onde estão os jovens desta geração?



                                                                                                                                                                  Onde está o grito da mudança e o som do fazer-se diferente? Já não há jovens nesta geração!
São todos covardes, tolos e medrosos. Onde está a tenacidade de Martin Luther King, Nélson Mandela e Amílcar Cabral?
Perdoa-me Cabral! Perdoa-me Luther King! Perdoa-me Mandela! Mas os jovens desistiram das vossas lutas. Já não querem liberdade e amam o cativeiro deste sistema hipócrita. Curvam-se diante de gravatas vermelhas de um Tramp(a) qualquer e mataram o último Obama.
Já não querem lutar, Cabral. Não. Não querem dar continuidade à tua nobre luta. Desistiram de ter voz. São, agora, porcos, acomodados e inúteis. Presos em telas que os levam ao nada. Tentei chama-los, Luther King, e mostrá-los que ainda temos um sonho pelo qual lutar. Sim, eu disse, Mandela, eu disse que somos irmãos e que não há segregação. Lembrei-lhes, Cabral, lembrei-lhes, que prometemos ser flores da tua árvore da revolução. Mas, não me ouvem. Estão ocupados a ensinar às crianças o “txoma minis” e não me dão ouvidos. Estão a destruir o nosso jardim, Amílcar, e nas nossas flores morreu a revolução.
Os jovens já não querem ser Da Vince. Já não pintam quadros com a sua imaginação. Já não querem ser Pitágoras, porque vivem sem leis ou formulas. Já não querem ser Messias do seu próprio destino.
Já não têm paixões, nem sonhos, nem alvos, nem ambições. São ocos, vazios, sem odor ou sabor. São ásperos, brutos, imundos, sem conduta, sem cultura, sem costumes. Odiadores do conhecimento. Amantes da luxúria, da desordem e de ideias vãs. Já não há poesia em sua atmosfera. Tudo chega. Tudo passa. Tudo é nada.
Tocam-se melodias mas, não se lhes toca o coração. Estão cegos. Parvos. E mudos. Os mestres desistiram de seus pupilos. Fizeram dos livros objecto de humilhação em praça pública. E a única mestria que procuram é o da ignorância profunda e frívola.  
Queria eu ter a mestria das palavras de Shakespeare para trazê-los à razão! :( 
Largaram suas armas e abandonaram os campos de batalha. Transformaram os templos de conhecimento e sabedoria em mercado de banalidades e ensinos infundados. Conspiram contra o mundo e a sua essência. Desistiram do paraíso perdido, pelo qual tanto lutamos.

Tenho vergonha destes covardes. Destes fracassados. Destes filhos de vento, netos da inutilidade. Não quero ser parte desta corja. Quero a minha luta. Sei que ela continua. Lutarei sozinha se for preciso mas, não me juntarei a estes porcos à procura de pérolas em bucho de peixe. Vou guiar meus passos em caminhos iluminados com sonhos e despir-me-ei desta preguiça doentia, a que me deteve este sistema falhado. 



Por, Raven Carvalho

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

As Regras De Ouro Para Um Bom Estudante De Jornalismo


       Enquanto organizava meus testes, livros e cadernos destes últimos 3 anos de curso, vi-me vaga, pensando na senda que percorri até cá estar.
Poderia ter feito mais, é claro. Sempre mais. No entanto, orgulho-me dos resultados que até agora obtive. Cresci e caí muitas vezes mas, ainda estou aqui, aprendendo a ser uma estudante de jornalismo cada vez melhor.
Lembro-me dos desafios dos meus mestres e das minhas respostas efusivas, sempre em um SIM, pronto e disposto.
Entre meus documentos, encontrei estas 7 regras de ouro, que aprendi algures e que até agora tenho como mandamento, tão sagrado e irrevogável.

Orgulho-me de ter levado a sério estes mandamentos, pelo menos na maioria das vezes ou a partir do momento em que percebi que elas são realmente importantes. Agora, quero compartilha-los contigo, que tal como eu, anseias ser um grande jornalista.

   1-  Não tenhas medo de questionar

     






      Pergunte sempre, por mais tola e insignificante que a tua pergunta possa parecer. Um sábio um dia disse: “Jovens sem perguntas, serão adultos sem respostas”. Portanto, se te apetecer perguntar por que é que o céu é azul? Pergunte! Se quiseres saber como se formam as ondas do mar ou como se caça um tubarão? Pergunte!

    2-Leia um livro por semana










      "A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede”, já dizia Carlos Drummond de Andrade. Então seja um dos que desfrutam deste prazer e sacie a tua sede nesta FONTE. Afinal como disse Mário Quintana, “os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.

    3- Esteja por dentro das novas tecnologias e DOMINE-AS

      










     O facebook, o instagram, o twitter, o blogger, o wordpress e as demais redes sociais devem ser teus DOMINADOS e não teus dominadores. Crie páginas e blogs e partilha as coisas escreves. Escreva. Escreva muito. Não importa sobre o quê. Mesmo que seja sobre a vizinha tagarela ou o carro velho do teu ex. professor.

     4-Acompanhe sempre jornais, rádios e emissoras de televisão



        













       Afinal, se quiseres estar entre os melhores tens de saber como eles fazem as coisas. Assista a debates e entrevistas com grandes jornalistas - nacionais e internacionais- e tire apontamento dos seus pontos fortes. Analise jornais para aprender novas técnicas de escrita. Oiça a rádio para familiarizar-se com a boa pronúncia de algumas palavras.

   5- Tenha contactos dentro e fora do mundo do jornalismo           
  


















Para isso é preciso participar de palestras, workshops, congressos, lançamentos de livros e eventos de jornalismo em geral. Ali poderás obter inúmeros contactos, além de aprender mais sobre o jornalismo.
      
6- Seja amigo dos professores


      







      Esta regra pode parecer inútil mas, não é. Ser amigo dos professores pode significar portas abertas. Eles sabem muito. E tudo que eles sabem não pode ser ensinado apenas em algumas horas de aula. Por isso aproveite os ambientes informais para falar com eles e aprender de suas experiências. Eles, também, podem ajuda-lo a encontrar oportunidades de estagio mais facilmente caso mostres esse interesse. 


    7-  A última e mais a importante regra é, SEJA LOUCO, OUSADO E ATREVIDO


      














      Isto pode parecer insano. E é. Os loucos, ousados e atrevidos sabem fazer a diferença e é deste tipo de jornalista que mundo precisa. Então não tenhas medo de tentar, fazer asneiras ou errar. O SEGREDO mora no fazer diferente. E isso os LOUCOS sabem como ninguém.

c  Coloque estas regras em prática e faça melhor!! ;) 










terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O assassino de si mesmo
Hoje, como nos outros dias, ele gritou. Mas sempre gritava. Gritava num silêncio tão alto que nenhum de nós ouvia. Mesmo no quarto ao lado.
Ele estava sempre presente. Mas não notávamos. Chorava em seu sorriso que disfarçava angústias e lágrimas. Gemia, tremia quando estava perto e ao mesmo tempo longe. Porque, nós, não o notávamos. Estava lá por todos. Consolava. Amava. Cuidava. Mas não estávamos lá para ele.
Hoje, pela última vez gritou. Mas sempre gritava.
Socorria nossas angústias e lágrimas em busca de socorro. Perito na arte de estar perto sem ser notado, estava sempre acompanhado da solidão. Mas não notávamos. Persistia em entrar pelas portas fechadas. E nós trancávamo-las.
Era esbelto, bonito, puro, magnífico e sofrido. Poético na sua forma de ser, fechado e distinto. Mas nunca notamos. Até ao momento em que resolveu não mais bater às portas trancadas. E gritou pela última vez. E desta vez o eco foi intenso. E mesmo em silêncio mortal o grito foi ouvido.
No tiro de adeus marcado no peito, ele se foi. E não mais gritará. Mas o silêncio que deixou grita, faz eco, faz som. E hoje notamos.
E na carta que deixou…estas palavra: “Parei o tempo para que me notassem. Não o vosso, mas o meu. Para que hoje leiam os poemas que escrevi. Os sonhos que semeei, em meu solo infrutífero, nunca regado. As fantasias que nunca vos contei, porque nunca foram notadas. E hoje, enfim serei notado. E amanhã esquecido. Como sou tolo. E assassino de mim mesmo. Mas esta é a única forma de agradar minha alma e ser notado, pela primeira e ultima vez.”

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

 Suicídio é uma das maiores causas de morte em Cabo Verde

Autoridades, investigadores e técnicos da área das Ciências Sociais estão a ficar preocupados. O índice de suicídios no nosso país tem aumentado a um nível preocupante. Todos os anos há mais casos. Cada vez são mais jovens. No ano passado em Mindelo foram seis as pessoas que resolveram pôr termo à própria vida. O último caso registado antes do início desta reportagem aconteceu em São Vicente.
Aconteceu em plena altura do Natal. Chamava-se Tiago Mota. Tinha 17 anos de idade e estudava na ilha do Sal. Foi passar as férias com os familiares no Mindelo e decidiu colocar um ponto final na sua vida.
Morreu por enforcamento. Quem o encontrou foi o próprio pai quando este chegou do trabalho na zona de Ribeira de Craquinha, na ilha do Monte Cara. As causas continuam desconhecidas.
Apesar de não se saberem dados concretos que possam ter levado a este desfecho uma fonte citada pela Inforpress avançou a hipótese de o jovem poder estar a passar por uma depressão. Ficou-se igualmente a saber que alguns dias atrás um irmão da vítima tê-lo-ia encontrado em prantos, alegadamente por sentir falta da mãe que se encontra fora de Cabo Verde.



Para um país que conta com pouco mais de meio milhão de habitantes os números são preocupantes. De acordo com a diretora do Programa Nacional de Saúde Mental (PNSM) em Cabo Verde, o suicídio está entre as 10 principais causas de morteno país, sublinhando ser preciso "maior prevenção". Margarida Cardoso (MC), citada pela Inforpress lembrou que o número de suicídios em Cabo Verde tem aumentado de ano para ano. Os números anuais rondam os 50. Os dados avançados por MC enquadram-se nas comemorações do Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, que, no último trimestre do ano passado, tiveram por lema "Estigma: Uma Barreira Importante na Prevenção do Suicídio". Segundo Cardoso, em termos de prevenção, o ministério tem em prática ações protetoras de saúde para todo o tipo de patologias, mantendo os fatores de proteção organizados e estimulando comportamentos familiares e sociais saudáveis.
Embora o suicídio seja um assunto de que poucos querem falar, os profissionais da saúde alertam para a prevenção, considerando que o suicídio pode ser evitado através da prevenção.

Dados da OMS
As projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para quase três mil suicídios por dia em todo o mundo, ou seja, um a cada 40 segundos. Segundo a OMS, “a depressão é uma doença que está cada vez mais evidente”. Além disso, é também estimado que mais de 1 milhão de pessoas acabem com suas próprias vidas por ano. O outro denominador comum “tem a ver com as estruturas sociais e familiares. As pessoas estão cada vez mais isoladas, sem um suporte familiar adequado. Muitas vezes com os próprios problemas, o transtorno emocional vai aumentando e pode culminar numa tentativa de suicídio ou na concretização do suicídio”. O fenómeno está, na maioria das vezes, associado às doenças mentais, principalmente a depressão, e ao abuso do álcool. Além destes motivos, outros, como dificuldades económicas, estão agorareconhecidos, como motivos inteiramente legítimos, independente da doença mental, para o suicídio.
Com base em tendências globais atuais, o número daqueles que cometem suicídio é esperado a exceder um milhão e meio de pessoas pelos próximos 2 anos.

O caso de Cabo Verde
Os indicadores demonstram que cerca de 90 por cento das pessoas em todo o mundo que cometeram suicídio passaram, em algum momento, por uma perturbação mental. Por essa razão, em Cabo Verde, o ministério tem incidido no aconselhamento psicoterapêutico e nos tratamentos com psico-ativos e medicamentosos.
Avaliando a atenção que ultimamente tem sido dedicada à questão do suicídio, a verdade é que se transformou num dos problemas que mais tem afetado a sociedade cabo-verdiana. Nos últimos anos o índice tem aumentado. Atualmente, o número de casos de doenças mentais e dependentes de álcool - em particular entre a camada jovem -, que muitas vezes resulta em suicídio tornou-se preocupante, levando as autoridades a dar mais atenção ao problema.
O presidente da Associação de Promoção da Saúde Mental (A Ponte), o psiquiatra Daniel Silves Ferreira, revelou que a taxa de suicídio em Cabo Verde ronda os 16 por cada 100 mil habitantes, e que, em alguns casos, o país fica um pouco acima da média mundial. Em todas as ilhas do país têm-se registado vários casos. Em São Vicente no decurso do ano de 2016 registaram-se seis casos de suicídio.
O primeiro aconteceu em Março último, na zona de Monte Sossego, quando o jovem  Sandro Lima de 37 anos atou uma corda ao pescoço pondo termo à própria vida. O mês de Abril foi o mês que registou o maior número de suicídios em São Vicente. Um total de quatro casos. Na zona da Ribeirinha, uma senhora foi encontrada com uma corda ao pescoço. O segundo caso ocorreu na zona de Fonte Filipe, onde o jovem Fredilson Delgado deu um tiro na cabeça em casa da namorada. Na zona de Chã de Alecrim mais um jovem de 30 anos Eder Rocha, pôs termo à sua vida sem motivo aparente. Nem os psiquiatras estão excluídos do problema. Um outro caso a registar foi o do psiquiatra Irineu Gomes que pôs termo à vida através do enforcamento.

Suicídio: um problema de saúde pública
O suicídio em Cabo Verde já é considerado um problema de saúde pública de grande preocupação que atinge cada vez mais a camada jovem, associado a novos fatores como a situação socioeconómica.
O psiquiatra Daniel Ferreira acredita que o suicídio é algo que pode ser prevenido, desde que a sociedade e os familiares da vítima colaborarem na sua prevenção. “É preciso apostar e acreditar na prevenção e, sobretudo, valorizar aqueles que preferem procurar apoio e lutar pela vida, garantindo-lhes todo o suporte emocional e afetivo para que possam encontrar forças para escolher pela vida e não o suicídio”, avança.

Fatores que podem levar ao suicídio
“Os fatores de risco como a droga, o álcool, a exclusão social, o estigma e o preconceito estão integrados na sociedade, dificultando a recuperação, integração ou reintegração”, frisou Daniel Ferreira. Daniel Ferreira, psiquiatra e presidente da Associação de Promoção da Saúde Mental “A Ponte”, realça o estigma e o tabu como uma das principais barreiras na prevenção do suicídio. O fenómeno está, na maioria das vezes, associado às doenças mentais, principalmente a depressão, e ao abuso do álcool.
A depressão por sua vez é originada por vários outros fatores, tais como problemas familiares, desentendimento no namoro ou no casamento, situação económica e até a falta de oportunidades e perspetivas de vida. A prevenção deve indicar na família que, muitas vezes, não está preparada para detetar os sinais apresentados pelo doente.
O que leva os jovens a cometer suicídio?
Segundo Daniel Ferreira, uma pessoa que pretende suicidar-se sempre dá sinais em casa. “Geralmente queixa-se de dores pelo corpo, de mal-estar, diz coisas que não fazem sentido e, nem sempre, os médicos nos centros de saúde estão preparados para detetar os sintomas do paciente”, aponta. Sublinhou que o suicídio é um fator que existe no país e é um “problema sério” que merece o envolvimento de todos para uma melhor inclusão das pessoas propensas a cometer este ato de desespero.

Para os especialistas, suicídio é mais do que fatalidade.Pesquisas académicas demonstram que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental como foi atrás referido. Eles variam da depressão - a principal causa para suicídios neste grupo - e passam por ansiedade, violência ou vício em drogas. Alguns pontos que são motivos de crises para jovens e que podem ajudar a explicar o suicídio dessa parcela da população.